PROSSEGUIR A LUTA<br>POR ABRIL

«Con­cre­tizar uma al­ter­na­tiva po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda vin­cu­lada aos va­lores de Abril»

Muitos mi­lhares de tra­ba­lha­dores, jo­vens, de­sem­pre­gados e re­for­mados des­ceram às ruas, em 40 lo­ca­li­dades de todo o País, para co­me­mo­rarem o 1.º de Maio e fa­zerem deste dia uma po­de­rosa jor­nada de luta pela dig­ni­fi­cação do tra­balho, va­lo­ri­zação de di­reitos, me­lhoria dos sa­lá­rios e con­di­ções de vida e por um fu­turo de pro­gresso e de­sen­vol­vi­mento.

As co­me­mo­ra­ções foram or­ga­ni­zadas pelo mo­vi­mento sin­dical uni­tário da CGTP-IN e mais uma vez mos­traram que os tra­ba­lha­dores não se rendem ao dis­curso das ine­vi­ta­bi­li­dades e res­pondem aos apelos à re­sig­nação com a luta or­ga­ni­zada pelas suas rei­vin­di­ca­ções con­cretas, contra a po­lí­tica de ex­plo­ração e em­po­bre­ci­mento e em de­fesa dos va­lores de Abril.

Sig­ni­fi­ca­tivas foram também, nestas co­me­mo­ra­ções, as múl­ti­plas e ca­lo­rosas sau­da­ções di­ri­gidas à de­le­gação do PCP, no des­file de Lisboa. Ma­ni­fes­tação sim­bó­lica de apoio e con­fi­ança em que re­co­nhe­cemos uma ex­pressão de apreço pela acção in­can­sável do PCP em de­fesa dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País.

A jor­nada de luta criou me­lhores con­di­ções para o pros­se­gui­mento da acção rei­vin­di­ca­tiva nas em­presas e lo­cais de tra­balho, que pros­segue, como o re­velou a greve dos tra­ba­lha­dores da grande dis­tri­buição, do co­mércio e ser­viços e da Se­kurit, no pró­prio dia 1 de Maio e as muitas lutas já anun­ci­adas para este mês: greves no Metro, Carris, BA Vidro, Re­nault Cacia, em­presa No­gueira, STCP, tra­ba­lha­dores da Saúde da Ad­mi­nis­tração Pú­blica, dos mu­seus, pa­lá­cios e mo­nu­mentos e nas re­fi­na­rias de Por­tugal, entre ou­tras.

A luta passa também pelo es­cla­re­ci­mento e mo­bi­li­zação dos tra­ba­lha­dores para a par­ti­ci­pação cons­ci­ente na ba­talha elei­toral que se apro­xima, le­vando a luta ao voto na CDU, força po­lí­tica que as­sume a de­fesa dos seus in­te­resses e di­reitos e tem so­lu­ções para o País e para uma vida me­lhor.

As co­me­mo­ra­ções do 1.º de Maio foram também um bom pre­núncio para a marcha «a força do povo», todos à rua por um Por­tugal com fu­turo, do dia 6 de Junho e que é, neste mo­mento, a ta­refa pri­o­ri­tária do Par­tido.

A si­tu­ação so­cial e po­lí­tica do País está hoje pro­fun­da­mente mar­cada pela si­tu­ação de de­ses­ta­bi­li­zação que se vive na TAP e que é in­se­pa­rável do ob­jec­tivo do Go­verno de pro­ceder à sua pri­va­ti­zação. De­ses­ta­bi­li­zação que res­pon­sa­bi­liza PS, PSD e CDS, os par­tidos que subs­cre­veram o pacto de agressão da troika e que de­fendem a sua pri­va­ti­zação total ou par­cial. De­ses­ta­bi­li­zação pro­vo­ca­tória a que, em de­fesa do in­te­resse na­ci­onal, é ur­gente pôr termo, apos­tando – como de­fende o PCP – «no de­sen­vol­vi­mento fu­turo da TAP como em­presa pú­blica, es­tra­té­gica para o País, para o sector da avi­ação civil, para o tu­rismo e a eco­nomia, para a co­esão ter­ri­to­rial, para a li­gação às co­mu­ni­dades por­tu­guesas, para a so­be­rania na­ci­onal».

Re­gista-se também, com pre­o­cu­pação, a ope­ração em curso para al­terar a lei de co­ber­tura pela co­mu­ni­cação so­cial dos actos elei­to­rais, em que se in­te­gram as de­cla­ra­ções re­tró­gradas do Pre­si­dente da Re­pú­blica ao con­si­derar «ana­cró­nica» esta lei e re­co­men­dando a sua al­te­ração, por ana­logia com o que fi­zera, quando pri­meiro-mi­nistro, com a lei da re­forma agrária, por si con­si­de­rada igual­mente «ana­cró­nica».

Con­ti­nuam também a marcar a ac­tu­a­li­dade as me­didas anun­ci­adas pelo Go­verno com os dois novos ins­tru­mentos de ex­plo­ração e em­po­bre­ci­mento – o Pro­grama de Es­ta­bi­li­dade e o Pro­grama Na­ci­onal de Re­formas – e o ce­nário ma­cro­e­co­nó­mico as­su­mido pelo PS, que no es­sen­cial se ca­rac­te­rizam pela iden­ti­dade e con­ver­gência com as grandes li­nhas da po­lí­tica de di­reita.

No plano do Par­tido, re­gista-se o bom am­bi­ente que ro­deou a vi­sita de uma de­le­gação do PCP, com a par­ti­ci­pação do Se­cre­tário-geral, à Ovi­beja; as ini­ci­a­tivas de co­me­mo­ração do 25 de Abril; os múl­ti­plos con­tactos com os tra­ba­lha­dores e as po­pu­la­ções; as au­di­ções como aquela que, na se­mana pas­sada, juntou quase duas cen­tenas de par­ti­ci­pantes e nu­me­rosas in­ter­ven­ções em va­lo­ri­zação do tra­balho e dos tra­ba­lha­dores; e a que se vai re­a­lizar na pró­xima terça-feira sobre «Eco­nomia e em­presas».

An­te­ontem, ontem e hoje re­a­li­zaram-se en­con­tros, res­pec­ti­va­mente, com o PEV, Co­mité Olím­pico de Por­tugal e a ID; amanhã, du­rante o dia, re­a­lizar-se-ão di­versas ini­ci­a­tivas de es­cla­re­ci­mento em de­fesa da Se­gu­rança So­cial; e à noite, o PCP as­si­na­lará, numa sessão pú­blica em Lisboa, com a par­ti­ci­pação do Se­cre­tário-geral, o 70.º ani­ver­sário da vi­tória sobre o nazi-fas­cismo.

Pros­segue o tra­balho de pre­pa­ração do Pro­grama Elei­toral do PCP. Avança a mo­bi­li­zação para a marcha na­ci­onal de 6 de Junho que, apesar da boa ex­pec­ta­tiva que gerou, deve me­recer re­do­brada atenção, apro­vei­tando-se o es­casso tempo que ainda resta para o re­forço da mo­bi­li­zação, or­ga­ni­zação e acom­pa­nha­mento.

As­si­nala-se o grande êxito já atin­gido pela cam­panha de re­cru­ta­mento com mais de dois mil novos mi­li­tantes; a acção na­ci­onal de con­tactos que con­tinua a re­querer as me­didas de or­ga­ni­zação e di­recção que se re­velem ne­ces­sá­rias à sua con­clusão; a pre­pa­ração, di­vul­gação e venda an­te­ci­pada da EP para a Festa do Avante! e a cam­panha na­ci­onal de fundos com o alar­ga­mento de con­tactos, junto de ca­ma­radas e amigos, para novas com­par­ti­ci­pa­ções e com­pro­missos.

A luta dos tra­ba­lha­dores e do povo en­fra­queceu e isolou o Go­verno e criou con­di­ções para a sua der­rota elei­toral. Impõe-se agora o es­forço dos mi­li­tantes do PCP, dos ac­ti­vistas da CDU e de muitos ou­tros de­mo­cratas e pa­tri­otas para o con­tacto e es­cla­re­ci­mento tendo em vista o alar­ga­mento da sua ex­pressão elei­toral. E com um PCP e uma CDU mais fortes, con­cre­tizar uma al­ter­na­tiva po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda vin­cu­lada aos va­lores de Abril.